Nelson Freire Lavenère-Wanderley

O Ten Brig do Ar Nelson Freire Lavenère-Wanderley, nasceu em 27 de outubro de 1909.Sua vida militar se iniciou na famosa Escola Militar do Realengo, no ano de 1927, e o jovem Wanderley sempre teve seu pai, o General-de-Brigada Alberto Lavenère-Wanderley, como modelo de postura moral.

DÉCADA DE 1930

Em 1930, mesmo ano em que foi declarado Aspirante da Arma da Aviação, teve a notícia da morte do General Wanderley nas lutas que se seguiram à Revolução de 1930.

- Em 1931, já como 1º Tenente, foi classificado no Grupo Misto de Aviação, sob o comando do Major Eduardo Gomes, grupo pioneiro do Correio Aéreo Militar, e aí realizou o primeiro vôo do CAM entre Rio e São Paulo, junto com seu antigo instrutor, o Ten Casemiro Montenegro.

- Depois de realizar um curso de instrução aérea nos EUA entre 1933 e 1934, foi designado Instrutor Chefe de Aviação na Escola Militar do Realengo e, em 1935, participou de uma missão de bombardeio ao quartel do 3º Regimento na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, rebelado por ocasião da Intentona Comunista.

- Em 1938 foi aluno da Escola de Estado-Maior do Exército e em 1940 publicou o livro “Curso de Navegação Aérea”.

DÉCADA DE 1940

- Com a criação do Ministério da Aeronáutica pelo Presidente Getúlio Vargas, em 1941, o então Major Wanderley foi designado para o Gabinete do Ministro Salgado Filho, em que participou ativamente da criação da legislação inicial do novo Ministério.

- Em dezembro de 1943 foi indicado para a Comissão Militar Brasileira, sob a chefia do General-de-Divisão João Baptista Mascarenhas de Moraes, para estudar o Teatro de Operações na Europa, durante a II Guerra Mundial, sendo designado Oficial-de-Ligação da Força Aérea Aliada no Mediterrâneo. Realizou 13 missões de guerra, pilotando os lendários caças Republic Thunderbolt P47.

- Em 1945, de volta ao Brasil, passou a comandar a recém-organizada Base Aérea de São Paulo – BASP.

- Em 1948 foi designado Chefe-de-Ensino da recém-criada Escola de Estado-Maior da Aeronáutica – ECEMAR, sendo neste ano promovido a Coronel, tendo também publicado o livro “Princípios de Guerra e sua Aplicação à Guerra Aérea”. Neste ano retornou ao Correio Aéreo Nacional, tendo realizado até o final de sua carreira militar mais de 2 mil horas de vôo por todo o país, fazendo-o um grande conhecedor das agruras do povo e das vulnerabilidades e potencialidades estratégicas de nosso país.

DÉCADA DE 1950

- Em 1951 teve contatos de amizade estreitados com o Coronel do Exército Humberto de Alencar Castelo Branco por ocasião da participação de ambos na IV Reunião de Consulta de Ministros de Relações Exteriores, em Washington, EUA.

- Como Coronel, exerceu função de Oficial-General quando foi nomeado para o Comando de Transporte Aéreo – COMTA.

- Em 1953 foi Adido Aeronáutico em Buenos Aires.

- Em 1955, quando exerceu a função de Subchefe do Estado-Maior da Aeronáutica, foi elaborado o Regulamento Interno de Serviços da Aeronáutica – RISAER.

- Em 1956 foi promovido ao porto de Brigadeiro do AR e, após breve passagem como Comandante da 1ª Zona Aérea, foi nomeado para a Escola Superior de Guerra. Durante sua gestão como Assistente de Aeronáutica, foi criada a Comissão de Aeroportos da Amazônia – COMARA.

- Em 1957 fez o Curso Superior de Guerra e dirigiu o Curso de Estado-Maior e Comando das Forças Armadas.

- Durante o ano de 1958, o Brig Wanderley dedicou-se a elaborar a Doutrina básica da FAB.

- Em 1959 tornou-se membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, na cadeira patrocinada por Augusto Severo, mártir da aviação brasileira.

DÉCADA DE 1960

- Em 1960 foi Comandante da ECEMAR e promovido a Major-Brigadeiro.

- Em 1961 foi nomeado Comandante da 4ª Zona Aérea em período conturbado da vida política brasileira, época da renúncia do Presidente Jânio Quadros.

- Em abril de 1964, enviado para controlar um foco de resistência de oficiais ligados ao Presidente deposto João Goulart em Porto Alegre, foi alvejado por dois tiros, mas a revolta foi controlada. Ainda neste mês foi nomeado Ministro da Aeronáutica pelo Presidente Castelo Branco. No final do ano, deixou a Pasta por divergências quanto à aviação embarcada, sob disputa com a Marinha.

- Em 1965 foi nomeado pelo Ministro Eduardo Gomes para a Direção-Geral da Aviação Civil – DAC, sendo ainda neste ano promovido ao posto de Tenente-Brigadeiro do Ar.

- Em 1966 foi nomeado pelo Presidente Castelo Branco Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas – EMFA, sendo o primeiro Oficial-General da Aeronáutica a exercer essa chefia. Neste período participou de diversas ações governamentais, como a Reforma Administrativa, o estudo da nova Constituição, o estudo dos problemas de Segurança Nacional na Amazônia, entre outras.

- Em fins de 1966 publicou o livro “História da Força Aérea Brasileira”, até hoje uma clássica obra de consulta para historiadores.

- Em 1968 foi nomeado Assessor Militar do Brasil junto à ONU.

- Em 1969 publicou o livro “Estratégia Militar e Desarmamento”, usado como material de instrução pelo Colégio Interamericano de Defesa, em Washington, EUA.

- Em junho de 1969 passou para a reserva, dedicando-se, desde então, aos seus temas intelectuais preferidos, a História e a Estratégia. Neste ano recebe da família de sua esposa Sohia Helena Dodsworth Wanderley, sobrinha-neta de Alberto Santos-Dumont, um baú de vime com recortes de jornais, objetos pessoais e fotografias do inventor do avião, iniciando sua catalogação e posterior montagem de um álbum composto de cinco volumes.

DÉCADA DE 1970

- Em 1973 foi eleito sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB, realizando em 2 de outubro a Conferência “Santos-Dumont e sua Glória”, quando teve a oportunidade de utilizar parte deste vasto arquivo herdado.

DÉCADA DE 1980

- Em 1981 foi um dos mentores e fundadores do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, em que constava, como um dos seus objetivos, promover encontros para debates sobre problemas brasileiros e internacionais.

- Em 12 de junho de 1986 o Ten Brig do Ar Nelson Freire Lavenère-Wanderley foi declarado, pelo Presidente da República, Patrono do Correio Aéreo Nacional, por ter sido pioneiro e partícipe de uma era de mudanças estruturais em nosso país, em que o Estado brasileiro, patrocinador da unificação efetiva do vasto território continental, levou, através das asas da FAB, e seus pilotos destemidos, alento a populações isoladas do interior do Brasil e desenvolvimento econômico estratégico à Amazônia e ao Centro-Oeste despovoados.