Alberto Santos=Dumont - Uma Homenagem ao Pai da Aviação

1901, 23 de Dezembro - Paris
Notícia de Casamento com Edna Powers

Cartas e Bilhetes

A "Querida" - Edna Powers

Clipping Edna Powers, Acervo da Família

Em Novembro de 1901, o jornal "Le Spectateur" publicou que Santos=Dumont estava de casamento marcado com Edna Powers, filha do milionário americano James Powers. Na ocasião, o New York Journal estampara idêntica notícia. Dias depois, Santos=Dumont pediu aos jornais "L'Echo" e "L'Événement" que desmentissem o casamento. Como ele próprio declarou, "o namoro estava ficando muito sério".

Mesmo com o desmentido, as notícias a respeito não pararam na imprensa, principalmente devido ao casal ter continuado a ser visto pelas ruas de Paris.

Em 21 de Dezembro, o jornal americano "Republic" noticiou:

"Santos=Dumont, 'King of the Air', perdeu seu coração para uma bela representante da colônia americana aqui radicada [em Paris], Miss Edna Powers, que lhe entregou o seu coração por ele ser brilhante, encantador, simpático e solteiro."

Edna Powers o conhecera numa academia de esgrima, “um jogo apaixonante que apresenta dupla vantagem: evita a obesidade e agiliza as decisões mentais”, como Santos=Dumont declarou certa vez.

Ela passou o acompanhá-lo ao ginásio de esportes, em Montparnasse. Quando os dois se separaram, meses depois, Edna Powers voltou aos Estados Unidos, mas continuou sendo chamada pela imprensa de “a noiva de Santos=Dumont”

Coincidentemente, foi nesse período que Santos=Dumont enviou carta ao amigo de infância Pedro Lima Guimarães, na qual chama a namorada de “querida”, sem mencionar seu nome.

Nessa missiva, datada de 23 de dezembro de 1901 e enviada de Paris, ele informou a Pedro Lima que viajaria para Monte Carlo no dia 2 de janeiro de 1902. Em seguida, referiu-se à namorada nos seguintes termos:

                        Paris, 23-12-1901

                    Caro Pedro

                       Estimo   saber  que

estás melhor,   porem te aconselho

de  não  abusar . . . . .

          Aqui   vai-se indo   bem ,  no

dia  2  vou   à  Monte  Carlo   o

balão   já   lá   está .

    Enfim  aqui  chegou  a  querida

no   dia  19.    No  dia  21  fui  tomar

chá   na  casa  d'ella  ( sou  verda -

deiramente corajoso )  e  hontem

ella  veio   tomar   chá  na    casa

da   amiga  aonde  nos  encontramos

1901, 23 de Dezembro

(continuação da carta, mas não temos a imagem...)

de   novo.   Depois    eu   a  conduzi e

ao   pai  no  automóvel.   Ela   está

muito   gentil  e  linda,   porém   eu  

logo   que   vi   a   família,   não   sei

por   que,   desconfiei   que   não

deviam    de   ser   muito  ricos,

e   só   hoje   é   que   a   amiga   dela

me   explicou   a   coisa.    O  pai  dela

é   que   é   muito  rico,   porém,   ela

está   brigada  com   o   pai  e deserdada,

não   os   dois   outros   irmãos,   que

têm  o  dinheiro !!!

C'est   vraiment  de   la   guignon

( "Isso   é  um  grande  azar" ).


Acabo    de   vir   de   uma  casa 

americana   aonde   eu   toquei  no

assunto   dizendo    que   eles   me

convidaram   para   ir   jantar

amanhã,   dia   de   Noël  [Natal]

com   eles,   e   então   esta  senhora

americana me disse a mesma coisa,

que   eles   passam   por  ser   muito

ricos   aqui   em   Paris,  mas   a

verdade    é   que   só   têm   um   meio

milhão e que a pequena não tem dote !!!!

Porém,   o   meu   coração   está   já 

muito   com   ela . . .  e   não  sei  o  que

fazer,  se  parar  o   namoro ou se continuar.

É   uma  posição  muito  crítica.

Em 18 de fevereiro de 1902, Pedro Lima Guimarães enviou de Petrópolis carta a Santos=Dumont em que lamenta a queda do dirigível Nº 6 na baía de Mônaco. Em seguida, refere-se à tal “querida”:

Petropolis, 18-02-1902


Continuas a adorar a S. ou já a abandonaste?

Visto  não  teres  visto  o  milhar,  creio  que  o

amor   desaparecerá,   ainda   que   custe.

Aí,  rapaz,  correto !!!!   Ela  é  bonitinha ?

Pelos   teus   relatórios   vê-se   o   amor  ardente,

porém   depois  do  banho  pode ser que o amor melhore.

Mande-me  teu  endereço  em  New York.  Escreva-me,

pois   agora  estás  bom  para escrever.  Casas-te ou não?

(...)




Partes do texto foram extraídas do livro:
"Alberto Santos-Dumont - Novas Revelações"
de Cosme Degenar Drumont
pags. 244 a 246

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