Balão BRASIL
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O Início
UM LIVRO E UMA RESOLUÇÃO
Durante muitos anos dedicou-se aos estudos, viajando e ilustrando-se.
"Quando novamente voltei ao Brasil", confessa, "lastimei amargamente não
ter perseverado no meu projeto de ascensão. Longe de todas as possibilidades,
as excessivas pretensões dos aeronautas pareciam-me de pequena monta.
E foi assim que, em certo dia de 1897, deparou, numa livraria do Rio de
Janeiro, com uma obra de Lachambre e Machuron intitulada:
"Andrée - Au pôle Nord en ballon".
Para quem vivia com a idéia do vôo no subconsciente, qualquer
referência ao assunto despertava os desejos há muito tempo
recalcados.
E é Santos-Dumont quem nos esclarece:
"Continuava eu a trabalhar em segredo, sem coragem de pôr em prática
as minhas idéias; tinha pouca vontade de arruinar-me. Esse livro,
entretanto, do construtor Lachambre, esclareceu-me melhor e decidiu inabalavelmente
minha resolução.
"Parti para Paris. .
Parti para Paris! Nessa frase se encerra toda a sua resolução,
a inabalabilidade de uma decisão que não poderia mais ser
adiada.
Na época dessa resolução, ir à capital francesa,
com a distância que separava a Europa do Brasil pela navegação
marítima, para se dedicar ao problema da ascensão em balão,
era considerado uma verdadeira aventura.
COM OS CONSTRUTORES DE BALÕES
Novamente em Paris, torna realidade a sua resolução.
Havia esperado muito. Dessa vez não haveria derivativos para o seu
desejo de subir em balão. Não mais corridas de automóveis,
nada de enganar os seus verdadeiros anseios. Voaria, custasse o que custasse
!
E foi procurar os construtores do balão de Andrée ! Seriam
os Srs. Machuron e Lachambre os abre-te-sésamo da aerostação.
"Meu empenho particular", conta-nos Santos-Dumont, "era conhecer o Sr.
Lachambre, que havia construído o balão de Andrée
e seu associado, o Sr. Machuron, autor do livro.
"Digo com toda a sinceridade que encontrei neles o acolhimento que desejava.
Quando perguntei ao Sr. Lachambre o preço de um ligeiro passeio
em balão, fiquei tão surpreso com a resposta que lhe pedi
que repetisse:
"- Uma ascensão de três ou quatro horas, com todas as despesas
pagas, incluindo o transporte de volta do balão em caminho de ferro,
custar-lhe-á 250 francos."
"- E as avarias? Arrisquei eu."
"- Mas, retrucou o meu interlocutor, rindo, nós não vamos
ocasionar avarias."
"Fechei imediatamente o negócio. E combinamos tudo para a manhã
do outro dia".
Como já iam longe os anos de 1891 e 1892 ! A aerostação
tinha evoluído, já não era um segredo de poucos. Divulgavam-se
as ascensões e Paris começava a ser um centro de experimentações
aerostáticas.