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Após viagem ao Brasil,
prossegue sua trajetória. Entra em contato com Lachambre e Machuron,
construtores do balão l'Oern, que havia realizado importante expedição ao
Pólo Norte. Em 1898 fez, com Machuron, sua primeira ascensão num balão de
750 m3. Partiram do Parque de Vaugirard e voaram duas horas até o
parque do castelo de La Ferriere, um percurso de 100 km.
O vôo
permitiu a Santos-Dumont refletir sobre a utilidade do cabo-pendente, sem
o qual a aterrissagem de um balão esférico apresentaria grandes
dificuldades. Sua função era impedir a queda ou torná-la de menor
impacto. Logo após essa experiência, Santos-Dumont decide mandar
construir para si um balão que já havia idealizado.
Balão Brasil
Santos-Dumont encomendou o balão à tradicional Casa Lachambre.
Acompanhando pessoalmente todas as etapas da produção, desde o corte do
tecido até a montagem da barquinha de vime, teve a oportunidade de
aprender em detalhes como se construía um balão esférico e de introduzir
inovações.
O balão, de 103 m3, era muito pequeno em relação aos
demais; o cesto de vime, com diferente trançado de varetas e para uma só
pessoa; as cordas, de seda japonesa como o invólucro, com pouquíssimo
peso; corda-pendente mais longa. Dizia-se que Santos-Dumont o carregava
numa maleta.
Embora alguns especialistas duvidassem que um
aerostato de volume tão diminuto pudesse subir levando no cesto de vime um
homem, o Balão Brasil, assim denominado, ganhou
os ares de Paris e deslumbrou a população.
Dirigível Nº 1
Depois do êxito do
Balão Brasil, Santos-Dumont passou a dedicar-se à construção de outros
modelos, voltados para a dirigibilidade e a propulsão.
Nenhum
progresso prático nesse sentido havia sido alcançado depois das
experiências de Giffard, em 1852. E, apesar da descrença por parte dos
aeronautas quanto à dirigibilidade dos balões, Santos-Dumont acreditava
que sua realização não estava além das possibilidades da época.
Empenhou-se na construção do dirigível nº 1, de forma
alongada, com invólucro de seda japonesa e motor a gasolina para acionar a
hélice. Na opinião dos aeronautas e construtores, a presença do motor em
contato com o hidrogênio do invólucro traria sérios riscos de explosão.
Além disso, alegavam que sua trepidação poderia provocar o desmantelo da
pequena nacela e seus pertences. Para resolver a questão,
Santos-Dumont projetou seu dirigível de modo que não houvesse
possibilidade de o hidrogênio, em caso de escape, ser atingido pelas
faíscas de descargas. O único risco por ele previsto, o qual estava
disposto a correr, seria uma explosão acidental no depósito de gasolina.
Quanto à trepidação, verificou que, com o aparelho suspenso, ela
desaparecia. No dia 20 de setembro de 1898, Santos-Dumont fez a
primeira ascensão com o nº 1. Partindo do "Jardin d'Acclimatation", voou
sobre os telhados de Paris, contra e a favor dos ventos. Navegou no ar,
realizou evoluções, subiu e desceu sem sacrifício de gás.
Enfim, dirigia pioneiramente um aerostato e despertava grande
curiosidade. Porém, sua audácia não transcorreu sem contratempos. Ao
descer, o balão começou a dobrar-se ao meio. Desvencilhou-se do acidente
graças a um grupo de meninos, que a seu pedido agarraram o cabo-pendente e
correram com toda a força contra o vento, amortecendo a queda.
A Imprensa
saudou com entusiasmo o feito, destacando o pioneirismo em relação à
dirigibilidade e à propulsão. O resultado obtido, somado às observações
feitas durante o vôo, criaram em Santos-Dumont a certeza de que estava no
caminho certo.
Outros inventos
Após
outro acidente com o dirigível nº 2, Santos-Dumont construiu o nº 3, com o
qual fez várias evoluções voando sobre Paris e seus arredores. No dia 13
de novembro de 1899, partiu para a mais feliz das suas ascensões, quando
contornou a Torre Eiffel.
O aviador continuou
inovando. Projetou e construiu o primeiro hangar do mundo após verificar
que a perda de gás seria mínima se os dirigíveis fossem mantidos cheios
entre as ascensões. Concluiu, assim, que faria economia e ganharia tempo
se os invólucros deixassem de ser dobrados e guardados. Próximo a esse
hangar, localizado num terreno do Aeroclube da Franca, instalou sua
oficina. Essa foi a primeira infra-estrutura da história da aviação.
Essa foi a primeira infra-estrutura da história
da aviação.
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