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Um novo olhar sobre a conquista dos céus

Livro conta a trajetória de Alberto Santos-Dumont e a história da invenção do vôo

O fascínio do homem pela possibilidade de voar remonta pelo menos à lenda grega de Ícaro e Dédalo, que utilizaram asas de penas para fugir da ilha de Creta. No entanto, deslocar-se pelos ares exigia não só coragem, mas uma ajudinha da tecnologia. Por isso, só no final do século 19 surgem os indícios de que era possível voar de forma segura e controlada. Alberto Santos-Dumont (1873-1932) e outros inventores se encarregaram de provar que isso não era mais um sonho.

A trajetória do brasileiro é o tema de um livro recém-lançado: Santos-Dumont e a invenção do vôo. O autor -- Henrique Lins de Barros, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) -- reuniu um vasto acervo de cartas, fotografias e desenhos do inventor em um livro de diagramação simples e arejada, fácil de ler. A obra traz ainda um fac-símile da primeira publicação de Santos-Dumont sobre seus feitos: A conquista do ar, de 1901.

Lins de Barros apresenta um breve panorama da evolução do vôo. Seu domínio definitivo dependeu de conquistas realizadas a partir de 1898, quando a fundação do Aeroclube da França incentivou muitos inventores a explorar as possibilidades do vôo. Essa instituição reconheceu Santos-Dumont como o primeiro homem a sair do solo por meios próprios, voar e pousar (com o 14 Bis, em 12 de novembro de 1906). Pelos critérios do Aeroclube, a demonstração precisava ser previamente marcada e assistida em público.

Anos mais tarde, os irmãos Wright anunciariam por telegrama que tinham conseguido voar em 1903, sem apresentar qualquer prova. O feito não foi reconhecido pelo Aeroclube da França mas, em seu país -- os Estados Unidos --, o centenário do primeiro vôo é comemorado em 2003.


Dois marcos na biografia de Santos-Dumont: o primeiro vôo, em
23/3/1898, num balão, e o 14 Bis prestes a decolar, em 23/10/1906

Além dessa perspectiva histórica, Lins de Barros apresenta a figura do mineiro que, desde menino, encantou-se com as máquinas na fazenda de seu pai. Após anos de estudos movidos por seu fascínio pela tecnologia, tornou-se capaz de projetar, construir e pilotar seus artefatos voadores em Paris. O brasileiro surpreendia os outros inventores com opções leves e baratas para seus dirigíveis.

Em dez anos, constrói mais de 20 inventos e é homenageado em diversos países durante toda sua vida. No Brasil, é motivo de orgulho nacional. Além dos primeiros recordes homologados na história da navegação aérea, Santos-Dumont inventa o relógio de pulso, a ducha e estranhos aparelhos como o conversor marciano.

Em 1910 o brasileiro deixa de pilotar e se empenha na divulgação da aeronáutica pelo mundo. Contudo, a aplicação bélica de seu invento o fez muito infeliz. Os bombardeios aéreos angustiam o brasileiro a ponto de sua saúde se debilitar rapidamente. A crença de que ele tenha morrido de tristeza no dia 23 de julho de 1932 só reforça o reconhecimento do público por sua obra.

Santos-Dumont e a invenção do vôo pode agradar tanto aficionados por aviação ou quem sempre teve vontade de conhecer melhor a conquista dos céus. Com linguagem clara, o livro revela muitas surpresas que permitirão ao leitor refletir sobre o homem e o invento que revolucionaram o século 20.

Santos-Dumont e a invenção do vôo
Henrique Lins de Barros
Rio de Janeiro, 2003, Jorge Zahar Editor
192 páginas
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Leia também:
O homem que roubou o coração de Santos-Dumont
(entrevista com Henrique Lins de Barros)

Andreia Fanzeres
Ciência Hoje on-line
08/07/03

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