http://www3.estado.com.br/editorias/2000/07/09/cid145.html
Enviado por J.E.O.BRUNO <jeobruno@uol.com.br>
Em 23/02/2002
Projeto para restaurar casa onde aviador passou sua infância,
na região de Ribeirão Preto, e transformá-la em
centro de eventos está pronto, mas ainda faltam recursos
BRÁS HENRIQUE
DUMONT - Resgatar o valor histórico do antigo casarão
construído e habitado pela família do aviador Alberto
Santos=Dumont , que passou parte da infância no local, no fim do
século passado, estã perto de ser mais do que um sonho. O
prédio poderá ser restaurado e transformado numa casa de
eventos, na pequena Dumont, com cerca de 7 mil habitantes, na
região de Ribeirão Preto.
A Fundação Lorenzato - entidade criada em 1998, que
promove o culto aos ancestrais - tem um projeto pronto para isso. Basta
conseguir os recursos financeiros necessários e convencer o atual
dono do casarão, Valter, que é do clã Lorenzato, a
vendê-lo.
Rei do café - Nem todos os detalhes da
construção do casarão, com mais de 20
cômodos, na antiga Fazenda Arindiúva, são
conhecidos. Supõe-se que tenha sido construído pelo
engenheiro Henrique Dumont, pai do aviador, que se tornou o rei do
café, com quase 6 milhões de pés da planta em 1880.
Ele comprou a área em 1879 e mudou seu nome para Fazenda Dumont.
O imóvel mantém as características
arquitetônicas originais, mas a deterioração, em
alguns pontos, está adiantada. A área da frente, por
exemplo, teve uma alteração: o piso foi trocado no fim da
década de 70 por Orlando Lorenzato, que reformou o casarão
e o deu ao filho Valter, que reside no local desde 1982 com parentes. A
cobertura da área, no entanto, é o ponto crítico:
está em ruínas, por causa do desaste do madeiramento.
Os pisos das varandas também foram trocados nessa reforma,
ao contrário dos assoalhos internos - de madeira, conservados
até hoje.
Os cômodos, espaçosos, têm pé-direito de
5 metros. O casarão é dividido ao meio por um corredor,
que liga a parte da frente, com salas e dormitórios, aos fundos,
onde ficam a cozinha e os locais de serviços.
As palmeiras-imperiais, ao redor da casa, são raras. A
pintura original praticamente não existe. Ao fundo do atual
Sítio Challet, de 1 alqueire (o que restou da Fazenda Dumont, que
teve aproximadamente 7 mil alqueires), foi construída uma
garagem.
Essa propriedade, uma das maiores do mundo em
produção de café, foi vendida por Henrique Dumont a
ingleses, que criaram a Dumont Coffee Company, em 1894. Com a quebra da
bolsa de Nova York, em 1929, a área começou a ser
retalhada. "Foi a primeira reforma agrária do Brasil", diz o
advogado Luís Roberto Lorenzato, presidente da
Fundação Lorenzato.
Imigrantes italianos, principalmente os da família
Lorenzato, compraram a maior parte das terras.
Em 1953, surgiu o distrito de Dumont, emancipado dez anos depois.
Cheio de mato, inclusive em seu interior, o casarão foi
recuperado parcialmente por Orlando Lorenzato, um dos articuladores e
diretor da fundação, que reúne mais de 2 mil
integrantes da família em todo o mundo.
Valter casou-se com Célia e foi morar no local, onde
cresceram suas filhas, Thaís, de 14 anos, e Laís, de 12.
As garotas adoram o ambiente e não demonstram vontade de mudar-se.
Valores - Valter reluta em vender o imóvel, mas, com
problemas financeiros, admite negociar com a fundação.
Hoje, não venderia o casarão "nem por R$ 1 milhão".
Ele estima que a restauração ficaria em R$ 100 mil.
Luís Roberto não discute o valor do imóvel, por
enquanto, mas calcula que a restauração sairá por
mais de R$ 1 milhão.