“AEROCLUBE DA FRANÇA
Sociedade de encorajamento à locomoção
aérea
PROCESSO VERBAL
12 de novembro de 1906
Primeira tentativa –
Partida às 10 horas da manhã. O aparelho se eleva antes
da linha de partida e percorre em cinco segundos, a 40
centímetros do solo, uma quarentena de metros. O motor gira a
900 voltas.
Segunda tentativa. –
Partida às 10h 25min. O aparelho percorre todo o campo de
treinamento, executando dois vôos a pouca distância do
solo, o primeiro de 40 metros, e o segundo de aproximadamente 60
metros. O percurso se encerra com uma tentativa de curva em pleno
vôo, curva impedida pela proximidade das árvores, depois
que um quarto de meia-volta à direita já havia sido
efetuado. O eixo da roda de sustentação direita,
ligeiramente torcido, foi consertado durante o almoço.
Terceira tentativa - Partida
às 4h09min. Dois vôos: o primeiro de 50m; o segundo,
cronometrado pelos senhores Surcouf e Besançon, de 82m e 60cm,
em 7seg. 1/5, ou 11,47m/s ou, ainda, 41,92km/h. Tentativa de curva para
a direita, contida pela barreira do Pólo, quando o aparelho
já havia descrito praticamente uma meia-volta.
Nesta tentativa, Santos Dumont superou
oficialmente o seu percurso de 23 de outubro, pelo qual já havia
ganho a Taça de Aviação Archdeacon. Todos os
trajetos foram executados no mesmo sentido. A partida se fazia na
extremidade norte do campo de Bagatelle e a chegada na
direção do Pólo.
O Quarto ensaio foi
feito no sentido inverso dos três anteriores. O aviador saiu
contra o vento. A partida deu-se às 4h 45min, com o dia
já terminando. O aparelho, favorecido pelo vento de proa e
também por uma leve inclinação, impulsiona-se
quase que imediatamente. Parte loucamente e surpreende os espectadores
mais distantes que não se acomodaram a tempo.
Para evitar a multidão, Santos
Dumont aumenta a incidência e ultrapassa seis metros de altura.
Mas no mesmo instante a velocidade diminui. Será que o valente
experimentador teve um instante de hesitação? O aparelho
parecia menos equilibrado, certamente: ele esboça uma volta para
a direita. Santos, sempre admirável por seu sangue-frio e por
sua agilidade, corta a ignição e volta ao solo. Mas a asa
direita toca o chão antes das rodas e sofre pequenas avarias.
Felizmente Santos está ileso e é acolhido impetuosamente
pelos assistentes entusiasmados em frenética
ovação, enquanto Jacques Fauré carrega em triunfo
sobre seus robustos ombros o herói desta admirável
proeza.
O percurso aéreo, medido com
exatidão, é de 220 metros em 21segundos, isto é,
10,38 metros por segundo ou 37,358 quilômetros por hora.”
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