(OFERECIDO À APRECIAÇÃO DOS AÉRO - CLUBES)
- Lisboa - 1948
"Esta investigação pessoal sobre a Criação
do Aéro plano foi tentada como homenagem à terra de Gusmão,
de Severo, de Dumont, e do Correio Aéreo Militar, terra onde o espírito
aeronáutico está tão fortemente arreigado, que uma
"Campanha Nacional de Aviação" conseguiu popularizar a utilidade
de centenas de Aero-Clubes, chegando a dotá-los com perto de um
milhar de aviões de treino e turismo." G. C.
"A recente publicação em São Paulo do livro técnico
"Pequena história da Aviação", de autoria do "piloto
brevetado" Matias Arrudão, concentra interessantes informações,
citações e documentos, com 185 notas, permitindo-nos deduzir
ad-usum, homem-comum, uma noção regular sobre a criação
e evolução do aeroplano. O que vou tentar fazer."
"Nota-se logo que, assim como a subida natural do fumo inspirou a criação
do aerostato, que de facto Bartolomeu de Gusmão fez elevar em Lisboa,
em 1709, também o avião nasceu da observação
do planar dos pássaros, que vemos manterem-se no ar, mesmo sem bater
as asas, aproveitando equilíbrio entre o seu peso e o ar ascendente,
às vezes até provocado pelo embate do vento sobre os navios.
As tentativas de voar começaram pelo alemão Otto Lilienthal,
que conseguiu centenas de vezes realizar "voos planados", partindo de uma
altura e deslizando algumas dezenas de metros até tocar no chão.
As suas experiências públicas, com um "planador", iniciadas
em 1891, já eram prometedoras. Mas, apesar da sua longa prática,
em Agosto de 1896 uma refrega do vento desiquilibrou-o. Precipitado de
"quinze metros de altura" (pág. 114 da Peq. Hist.), caíu,
morrendo no dia seguinte.
Depois, de 1896 a 97, o francês Clément Ader também
realizou experiências com um aparelho "semelhante a um grande morcego",
planador que dotou de hélices e de um motor a vapor, o qual deveria
desenvolver 40 cavalos. Mas a potência real foi muito inferior, e
Ader não conseguiu voar na experiência de Outubro de 1897,
última realizada com o seu "avion" (pág. 97).
Seguiram-se os muito mais importantes estudos do engenheiro americano Samuel
Langley (100), iniciados com um pequeno modelo de avião, também
dotado de motor. Parece que, já em 1896, conseguiu realizar com
ele voos de minuto e meio de duração.
Passou então a construir um aparelho definitivo, pesando 322 kgs.,
aeroplano com 17 metros de envergadura e levando um motor a benzina que,
apesar de só ter 82 kgs. de peso, devia desenvolver 52 cavalos (102).
Nas suas experiências de 1903, no rio Potomac, o aparelho caiu na
água e Langley desistiu. Mas não devemos esquecer que Langley
estava certo, porque no mesmo avião, reparado depois, um piloto
moderno conseguiu em Junho de 1914 realizar "um voo normal" (103), completamente
liberto das reivindicações dos Wright sobre "primazia de
motorização" (214). Langley previa o futuro do avião
sobre o dirigível. Mas o seu insucesso foi uma decepção
(103) que desanimou outros concorrentes.