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desses senhores, desejoso de fazer uma ascenção. Alguns já
não se occupavam mais do assumpto, outros me apavoravam com os perigos
de subir e com o exaggero dos preços. Um, porém, houve que,
após me informar de todos os meios, pedir-me mais de mil francos
para levar-me comsigo, devendo eu pagar, ainda, todos os estragos que fossem
causados pelo balão na sua volta à terra.
Era ameaçadora a condição, pois esse senhor já
uma vez tinha derrubado a chaminé de uma usina, outra vez, descera
sobre a casa de um camponez e, incendiando-se o gaz do balão, em
contacto com a chaminé, puzera fogo à casa...
Vieram-me à memória os conselhos de meu pae e os seus graves
exemplos de sobriedade e economia. Ia eu gastar em algumas horas quasi
que a renda de um mez inteiro e, muito provavelmente, a renda de todo o
anno ! Desanimei de fazer uma ascenção. Era muito complicado...
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* *
Durante vários annos, estudei e viajei. Segui com interesse, nos
jornaes illustrados, a expedição de André ao Polo
Norte; em 1897,
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estava eu no Rio de Janeiro quando me chegou às mãos um livro
em que se descrevia com todos os seus pormenores, o balão dessa
expedição. Continuava eu a trabalhar em segredo, sem coragem
de pôr em prática as minhas idéias; tinha pouca vontade
de arruinar-me. Esse livro, entretanto, do constructor Lachambre, esclareceu-me
melhor e decidiu inabalavelmente minha resolução.
Parti para Paris...
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* *
- Quero subir em balão. Quanto me pedem por isso ?
- Temos justamente um pequeno balão no qual o levaremos por 250
frs.
- Há muito perigo?
- Nenhum.
- Em quanto ficarão os estragos da descida ?
- Isto depende do aeronauta; meu sobrinho, aqui presente, M. Machuron,
que o acompanhará, tem subido duzias de vezes e nunca fez estrago
algum. Em todo o caso, haja o que houver, o Snr. não pagará
nada mais que os du-
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zentos e cincoenta francos e dois bilhetes de caminho de ferro para a volta.
- Para amanhã de manhã o balão !... Tinha chegado
a vez...
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* *
Fiquei estupefacto diante do panorama de Paris visto de grande altura;
nos arredores, campos cobertos de neve... Era inverno. Durante toda a viagem
acompanhei as manobras do piloto; comprehendia perfeitamente a razão
de tudo quanto elle fazia.
Pareceu-me que nasci mesmo para a aeronautica. Tudo se me apresentava muito
simples e muito facil; não senti vertigem, nem medo. E tinha subido...
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De volta, em caminho de ferro, pois desceramos longe,transmitti ao piloto
o meu desejo de construir, para mim, um pequeno balão. Tive como
resposta que a fabrica a que elle pertencia, tinha, havia pouco, recebido
amostras
de seda do Japão de grande belleza e peso insignificante.